1.2.06

Eu sinto vergonha alheia!



A frase "Eu sinto vergonha alheia" faz cada vez mais sentido para mim.
Eu tenho, e muito, esse sentimento. Aquele embaraço, muitas vezes até solitário, de ver, ler ou ouvir a besteira de alguém tem se tornado tão comum, que me leva a crer que as pessoas têm cada dia menos noção, educação e, claro, a boa e velha falta de vergonha na cara.

Mas ainda pior é quando esta pessoa é bonita, inteligente, culta, viajada, estudada, bem empregada e amiga das pessoas certas, aquelas que abrem portas. Porque pra mim é aceitável que uma pessoa que não teve oportunidades seja “”” ignorante “””, mas alguém com todo esse valor? Inconcebível.

Estou falando neste assunto, ainda pasma, por causa de uma coisa absurda que li em um blog que acompanho há anos, não por admiração à dona, é verdade, mas porque lá rolam assuntos que me interessam, como gastronomia, teatro, cinema e boa música. Mas hoje o assunto era outro: li, embasbacada, a mocinha afirmar que NÃO contrata estagiários vindos de faculdades (citou algumas) que julga serem fracas, inferiores. Isso é, no mínimo, pré-julgamento. Sem se falar na segregação, na falta de consciência moral e no erro de falar sobre o que não se conhece a não ser pelo que “ouviu falar”, porque nem de São Paulo a poderosa é, e as faculdades listadas são todas daqui.

Claro, existe mesmo uma grande quantidade de faculdades realmente péssimas. E existem também aquelas que já foram ruins e conseguiram se transformar em boas opções, porém sem se livrar do estigma que faz com que pessoas, como a tal dona do blog, as julgue mal, sem nem conhecer ou ler a respeito antes de falar.

Analisando mais profundamente, independente da qualidade dessas faculdades, acho que ninguém deve ser barrado em uma seleção porque não carrega no currículo nomes como USP, PUC, FAAP, Cásper Líbero, ESPM e outras. Porque uma faculdade com professores ruins realmente prejudica o aluno, mas se ele for dedicado, consciente e batalhador, vai fazer sua parte muito bem feita - estudando, pesquisando, correndo por fora. E esses merecem a chance de um bom emprego, não? Mesmo porque, não há como saber se a pessoa é um bom candidato a qualquer vaga apenas por palavras escritas em um currículo, e também sempre se pode demitir um profissional que não se mostrou adequado. Além do mais, e se o candidato com faculdade de peso no cv era o pior aluno da turma, um vagabundo nato, que passava de ano só porque alguém dava uma força? E se teve ótimos empregos apenas porque conhece as pessoas certas e ganhou indicação?

Por isso é que não se deve generalizar; acho que é impossível adivinhar se alguém é ou não um bom profissional sem que se trabalhe com ele. Isso sem se falar no talento – conheço excelentes profissionais que nem sequer pisaram em uma faculdade.

Fora isso tudo, tem também a questão da consciência cidadã. Que moça mais elitista! Porque qualquer um sabe que hoje em dia só entra nas top faculdades dois tipos de aluno: os muito inteligentes e os que podem pagar caro pelos melhores cursinhos (leia-se Anglo, Poli e Intergraus). Mesmo assim, não é garantido, porque tem também a questão da sorte - nas boas faculdades há muitas pessoas disputando pouquíssimas vagas, como todo mundo sabe.

Resumindo, só ganha emprego, ou melhor, estágio (o que é ainda mais cruel, pois a pessoa está começando e o intuito é mesmo aprender) no grande portal em que a moça trabalha, aquele que foi sempre beneficiado. Ou seja, se depender de sua cabecinha de merda, a elite continuará no poder e os pobres continuarão nos subempregos.


Que vergonha alheia, meu Deus!
p.s: não, eu não vou dar o endereço do blog da moça, mesmo morrendo de vontade...rs

5 comentários:

Anônimo disse...

Amor
Infelizmente vivemos em um mundo onde o pré julgamento é um consenso.
O "juiz" julga o peso, a cor da pele, a orientação sexual, o corte de cabelo, o bairro onde mora, a religião, o time de futebol, etc, sem nem ao menos ouvir uma única palavra do julgado.
O mais importante é que esse posto de "juiz" é muito dinâmico e com certeza ela será julgada por essa besteira que disse/escreveu.
Bjs

Te amo

Ana Téjo disse...

Renata,
Esses julgamentos ocorrem em todas as áreas mas em publicidade, acontecem com muito mais força. Já vi gente - imagine só! - deixar de contratar um diretor de arte por causa de um piercing no queixo (http://respirapelabarriga.blogspot.com/2005/11/o-polmico-espao-entre-o-lbio-inferior.html)!!! Mas havia agravantes, juro!
Tenho um amigo ótemo que chama esse tipo de constrangimento de VPP - Vergonha Pela Pessoa!
Beijos,
JU...

Renata Marques disse...

Ju,

Li seu post e comentei lá.

VPP? Adorei! rs

Bjos.

Dani Marques disse...

Rê,

Acho q é o Zagaia q fala em VPP... Já li no blog dele..

E essa mina aí, coitada, né? Mas preconceito e falta de visão é um mal que aflige a humanidade.. Coitada!

Bjos

Ana Téjo disse...

É o "Zagaia" mesmo que fala de VPP. Ele tem um post ótimo sobre isso.
Se puder, leia lá.
Beijão,
JU...