19.1.06

Quando crescer, quero escrever assim!

Alfredo e Jaime se encontraram após o expediente e acabaram conversando por um longo tempo.
- Rapaz, você viu o que aconteceu com a Léia? - perguntou Jaime.
- O João se mandou com uma marafona e deixou ela na pior, ao deus-dará.
- E foi boa a barganha?
- Ah, a figura é uma peça. É pior que arroz-de-festa, todo mundo já deu uma beliscada.
- Então como é que o João foi entrar numa?
- O cara tá vidradão, seu. Parece até que ela solta uma grana pra ele também.
- E a Léia, como é que tá?
- Tá lá, com o menino e a menina, pequenininhos. Sem eira nem beira. Arame nem pro P.F.
O João aí foi merduncho. Tô com medo da Léia pirar.
- Mas a Léia é ponta-firme, é pedra-noventa, agüenta o tranco. Além do mais, tem sempre as vizinhas pra consolo e um pessoal amigo que sempre arranja algum. Eu acho que ela se apruma.
- Sei não. Ela rogou uma praga dos infernos no João, ameaçou até desgraçar os meninos pra meter pavor nele. Não duvido que ela faça besteira.
- Ouve que eu te dou de graça: é puro fricote de rejeitada, manja? Eu acho que ela não vai dar bandeira, vai ficar na dela. A bichinha tem picardia.
- O João já andou dizendo que se ela não largar do pé dele, vai radicalizar pra cima dela. E você sabe que aquele bicho quando tá baseado fica muito louco. É bem capaz disso.
-Isso é bazófia. Eu acho que ele não vai ser quizilento de querer horrorizar. E a Léia, quando passar esse astral ruim, ela vai juntar os cacos e recomeçar, é certeza.
- Deus te ouça e permita, Alfredo.


Se alguém souber de quem é essa crônica, favor me avisar, porque eu ADOREI o estilo, mas onde encontrei não deixa claro se é ou não do escritor João Antônio Ferreira Filho.

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