24.1.06

Só as palavras santas curam.

Fila do açougue do Barateiro (eu não acostumo com CompreBem).
Eu, com pressa, era a segunda da fila. Pensei: tranqüilo, vou esperar.
A dona, que estava na minha frente acompanhada de sua filha gorduchita (daquelas crianças com cara de demônio e meio ridiculinha...rs), pede: 1 quilo disso, meio daquilo, 750 grama daquele dalí e eu lá...pézinho já batendo, nervosa.

O açougueiro, com a maior paciência do mundo, entrega tudo à dona, que pega, olha com cara de débil e fala, com uma boca meio mole:

- Nhái, essa daqui vo querê picada!

Pooooorrra, pq não falou antes? Meu coração já tava disparado de ódio. O açougueiro então, coitado, nem conseguiu disfarçar. Desembalou o acemzão, jogou com gosto no mármore e picou.

Nisso, a fiote da demo começa a tossir alucinadamente. Uma tosse tipo de quem tá engasgado, sabe? Mas ela não estava, era apenas ridiculinha. E a mãe esperando a carne e olhando a filha, meio sem ação. E a criança lá, soltando o pulmão pela boca. Daí a mãe comenta: - Nossa! E a menina tossindo mais. A mãe: Virge Maria! E a menina não parava. De repente, do nada, no meio da tossideira toda, a mãe me solta essa, falando alto e gesticulando o desespero:

- Misericórdia!!!

cof cof cof

- Fala Misericórdia, Juju!

cof cof cof

- Pelamo...Miser...Juju! Afe!

(aqui eu tava LOUCA de vontade de rir!)

E começa a chacoalhar a menina, eu e o açougueiro pasmos.

- Mas fala Misericórida de uma vez, Juju! berra a dona histérica.

E a menina, roxa, consegue parar, dar uma respirada e fala baixinho, meio molenga e sem ar:

- miijericóóórrdia...

Então a mulher ficou feliz, a criança aquietou, e saíram andando, carne na mão, com aquela paz que só quem recebe uma graça consegue ter...

5 comentários:

Dani Marques disse...

auhAUhuahUAHUhauHAUHuahuHAU
"Mijericóóóórrdia"! Se isso realmente funciona, quem fabrica xarope tá falido!!
Adorei Rê!
Xau filha...

Renata Marques disse...

Dã, vc imagina o quanto eu tive que me segurar pra não rir dessa louca? Esta mulher deve ser daquelas que ainda fazem o sinal da cruz na testa do bebê com soluço! É muita beatice. hahahaha
Aliás, o Barateiro é meu Prozac semanal. Cada coisa que eu já vi lá...pra se matar de rir.

Xau filha...rs

Anônimo disse...

Meu essa história é ótima, e o melhor é real!
Passo mal de rir cada vez que lembro.

Ana Téjo disse...

Essas crendices são ótimas. Minha avó e minha mãe sempre me benzeram, benzeram minha irmã e os meus filhos na água do banho quando a gente era bebê. Elas diziam que era uma espécie de batismo informal preventivo para evitar que a alminha não ficasse pagã caso "o pior acontecesse".
Sempre achei isso uma loucura mas, acredite ou não, quando tive meus filhos, botava na banheirinha e "tchumba", benzia. Só por precaução, sabe?
Ótimo seu post.
JU...

Renata Marques disse...

Ju,

Tb acho essas coisas bem legais. Mesmo pq é energia, e vindo de mãe, avó, tia, irmã é infalível, já que vem com uma boa dose de amor. Eu tive uma bisavó que ficou famosa por causa de benzer as pessoas com azeite.

Mas aquela mulher do Barateiro era histérica!!!! Não tinha como não rir, entende? Pela atitude dela, parecia que se a menina não falasse Misericórida não teria solução o problema...o que já é um exagero vai...rs

Mas de resto, pra mim até o beijo que ganho da minha mãe, por exemplo, é um santo remédio.

:o)